sexta-feira, 26 de junho de 2009


Cartaz de divulgação do projeto Cantos e Recando da Ilha.

Cantos e Recantos da Ilha - Trilhas Gestálticas

A caminhada não requer equipamentos especiais e pode ser praticado numa variedade grande de ambientes. Santa Catarina apresenta cenários encantadores e a diversidade de paisagens propicia desde explorações em lugares quase intocados até caminhos sinalizados. As caminhadas por trilhas em lugares de natureza preservada podem ser praticadas por todos, respeitando o limite físico de cada um. A presença de guias experientes evita o risco de se perder na mata.

A Ilha de Santa Catarina tem uma grande diversidade de caminhos e trilhas, os quais apresentam as mais diversas características. Praias, costões, lagoas, dunas, cachoeiras e morros cobertos pela Mata Atlântica compõem um cenário belíssimo para caminhadas e outras aventuras em Florianópolis. A capital de Santa Catarina possui 46% de seu território definido como área de preservação permanente. Há diversos roteiros de curto a longo percurso; de caminhada simples em terrenos planos à caminhada radical com exposição à altura e uso de apoio; de orientação fácil, alguns requerem um preparo físico normal, já outros exigem um preparo físico apurado. Ao longo de seus percursos, existem ecossistemas e paisagens diversificadas, com morros, costões, planícies costeiras arenosas, dunas, restingas, manguezais, baías, enseadas, lagoas, córregos e mata típica da Floresta Atlântica, às vezes compondo áreas de preservação que abrigam inúmeras espécies vegetais e animais.

Muitos percursos cruzam ou estão localizados em diferentes áreas de preservação, como parques e reservas ecológicas; todos os caminhos e trilhas do sul da Ilha têm essa característica. Aproximadamente dois terços dos caminhos e trilhas envolvem trechos de caminhada semi-pesada, difícil e radical, geralmente com aclives acentuados que exigem esforço. O tipo de terreno mais característico é o de terra batida, inclusive argilosa, em que afloram seixos da base granítica que forma os morros.

Alguns caminhos e trilhas têm uso regular, servindo de acesso a praias, mantidos para passeios em áreas de preservação e com acesso a algumas comunidades isoladas, como as da Costa da Lagoa, dos Naufragados e do Santinho. Parte dos caminhos e trilhas sofre um processo de desaparecimento e esquecimento. Naqueles em que o uso se tornou pouco freqüente, mesmo que tenha sido importante na história do passado da Ilha, é comum a criação de cercas, muros e construções em propriedades que impedem a passagem e camuflam os pontos de acesso, aos poucos tomados pela regeneração da vegetação ou perdidos pelo desmatamento.

Com sua utilização os caminhos se mantêm, porém passam a ser objeto de um outro espaço, com outras funções, que os organizam e que os incluem. A busca de uma proximidade maior com a natureza não transformada pelo homem para o alívio das conseqüências negativas do modus vivendi de hoje, principalmente nas cidades, tem promovido um interesse crescente pelas caminhadas ecológicas.

A impossibilidade de relações completas e não estressantes nas cidades, onde o meio é percebido e vivido apenas em parte, onde o que é concreto torna-se também impossível e invisível frente às diferentes e seletivas de uso e de relacionamento, promove, em alguns, a busca de um contato maior, mais significativo e mais totalizante com o meio.

Caminhar sobre caminhos e trilhas, sejam eles novos ou velhos, requer mais do que equipamentos e informações. Acima de tudo isto está o preparo e o espírito do caminhante – leve e decidido, pioneiro e aventureiro, intimamente ligado à natureza e ao belo, pois as manifestações estéticas, de som, de relacionamento e de cheiro, por exemplo, conduzem o caminhante a viver o paraíso.